domingo, 1 de fevereiro de 2009

O nazismo de Israel

Após se referir ao morticínio perpetrado em Gaza, com o assassinato de centenas de crianças, mais de 50 mil palestinos desabrigados e 20 mil casas destruí-das como à “ofensiva israelense” e admití-la como uma ação “certamente controversa”, Noemi Jaffe se insurge contra suposto “frenesi comparativo entre o nazismo e Israel”. Comparação, aliás, que se generalizou mundo afora, desde o Relator Especial da ONU para os Territórios Palestinos, o judeu Richard Falk, até o parlamentar inglês Gerald Kauf-man, cuja avó judia foi assassinada pelos nazistas na Polônia.

Segundo Jaffe, “nada é comparável ao nazismo”, nem mesmo a repetição em Gaza do Gueto de Varsóvia, que sucede à destruição do Líbano, ao massacre de Qana, à carnificina de Sabra e Shatila, e que reedita Kfar Kassem e Dir Yassin.

ELIMINAÇÃO

Ironicamente, quando formula condições para comparar qualquer bestialidade institucionalizada ao nazismo, insistindo que nada lhe é comparável “a não ser que haja uma ação consensual, coletiva e institucional, de eliminação sumária e calculada de um povo inteiro, das formas mais cruéis e sádicas possíveis, perpetradas por um exército inteiro que parecia gozar no exercício dos seus pequenos poderes”, ela própria acaba por fazer uma lista de elementos que descrevem a limpeza étnica perpetrada há décadas pelos israelenses contra o povo palestino.

Ação calculada, planificada e executada passo a passo desde 1930, como denuncia o historiador israelense, Ilan Pappe em seu livro “A limpeza étnica da Palestina”.

E mais, planejada pelo líder da implantação do Estado judeu na Palestina, Ben Gurion. São quase 80 anos de racismo ge-nocida sem que não tenha se passado um dia em que o mesmo tenha deixado de ser colocado em prática, como denuncia Pappe.

Em que outra circunstância se viu – na história moderna – o massacre de um povo ser executado de forma tão sistemática e prolongada?

A denominada “solução final” não estava posta dessa forma desde o primeiro momento em que Hitler chegou ao poder. O assassinato em massa de judeus foi sendo ges-tado e colocado em prática à medida que o poder nazista perpetrava invasões de outros países e desenvolvia sua psicopatia.

Do mesmo modo, com a degeneração dos que governam Israel – filhotes de Sharon – a ideologia nazista se apresenta cada vez mais explícita nas a-ções e palavras dos que integram este regime. Matan Vilnai, vice-ministro da “Defesa”, prometeu aos palestinos, no início da agressão a Gaza, “um Holocausto maior”. Já o deputado do Knesset, Avigdor Lieberman, declarou que “Gaza tem que ser apagada do mapa através de bombas nucleares, como os americanos fizeram com Hiroshi-ma e Nagasaki”. Ninguém, no governo ou naquele sistema desumano, que inclui a mídia israelense, pediu a prisão ou pelo menos a cassação do mandato de nenhum deles. Chegou a hora de detê-los.

De fato, se poderia apontar uma diferença: um é nazismo alemão e outro é nazismo israelense. Um gostava de exibir seu poderio e afirmar abertamente sua gana de conquistar o lebensraum (espaço vital para os arianos). O outro, gosta de se fazer de vítima, enquanto ocupa um espaço supostamente de direito sacro, e vai empalmando novos percentuais de terra palestina.

A destruição de toda uma aldeia, Juhr el Dik, e o bombardeio a escola da ONU com fósforo branco em Jabalya, não remetem à punição coletiva imposta pelos nazistas em Lídice?

NATHANIEL BRAIA

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