segunda-feira, 20 de julho de 2009

Eleutério Fenita
Correspondente da BBC em Maputo

Vítimas de xenofobia em 'situação difícil'

Em Moçambique estima-se que permanecem actualmente no país cerca de 24 mil, dos cerca de 40 mil Moçambicanos, forçados a abandonar a vizinha África do Sul devido à onda de violência contra estrangeiros do ano passado.

Para a grande maioria a situação continua difícil, havendo inclusivamente algumas situações de discriminação mesmo localmente.

A questão da reintegração das vítimas da xenofobia esteve em debate num que esta quarta-feira teve lugar na capital Moçambicana, Maputo.

Depois de um fio de incidentes isolados, há pouco mais de um ano, na África do Sul, várias cidades daquele país vizinho foram tomadas de assalto por uma orgia de violência contra estrangeiros.

Regressados

Contavam-se 40 mil moçambicanos, entre as dezenas de mortos, centenas de feridos, várias residências, lojas e outros estabelecimentos destruídos e cerca de dezenas de milhar de pessoas forçadas a abandonar a África do Sul.

Um estudo do Governo Moçambicano diz que daquele número, 16 mil terão já regressado a África do Sul.

O que está a acontecer com os demais foi o que o motivou o encontro de reflexão organizado pela FDC, a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade.

A representante da FDC, Ácia Sales, disse que “a maior preocupação não é tanto pela parte material ou económica, mas pela vertente social, que tem efeitos muito graves e a longo prazo.”

Integração

Vítimas da violência
Violência xenófeba inspirou à produção do documentário ‘A Fronteira entre o Amor e o Ódio’.

Um dos momentos mais altos do encontro sobre as acções de intervenção para a integração socio-económica e profissional das vítimas da xenofobia foi a exibição de um documentário intitulado ‘A Fronteira entre o Amor e o Ódio’.

O seu realizador é o conhecido cineasta moçambicano, Camilo de Sousa disse que a situação é dramática.

“A maior parte destas pessoas nem sequer conhece exactamente as suas zonas de origem. Os filhos não falam nenhuma língua moçambicana, não se expressam em português nem se podem matricular numa escola. Isto é o que leva estas pessoas ao desespero.”

O que fica claro é que à vontade da sociedade civil, deve-se juntar o imprescindível: os meios necessários para a reintegração social, económica e profissional dos imigrantes Moçambicanos na África do Sul, forçados a regressarem ao seu país devido à onda de xenofobia neste último país.

Abílio Campos, da Cruz Vermelha de Moçambique, disse ser necessário um maior contributo para apoiar as vítimas da xenofobia.

"É preciso arranjar empregos e despertar a consciência, desde a comunidade empresarial ao cidadão moçambicanos e estrangeiros, para contribuírem com vista a reintegração das vítimas”.

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