quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Paulo Henrique: Lula resolveu soltar o verbo para afrontar a elite e o PiG

29/dezembro/2009 20:33

por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada

Do presidente Lula, hoje, em São Bernardo, ao inaugurar uma unidade do SUS:

- Nós não fazemos distinção de que partido é o prefeito e o governador – disse Lula … O povo precisa e a gente tem mais é obrigação de fazer sem olhar…Vocês não podem deixar de dar comida para um porco porque você não gosta do dono do porco. É preciso tratar as pessoas com o respeito que as pessoas precisam ter nesse país.

De Lula, hoje, no Blog do Planalto, “O Presidente Responde”:

Murilo Oliveira, 26 anos, publicitário de Amparo (SP) – Nos anos 90, o sr. dizia que se eleito acabaria com o monopólio da mídia. Por que o sr. ainda não cumpriu o prometido?

Presidente Lula – Não há dúvida de que o monopólio da mídia não é bom para a democracia. Aliás, a Constituição é clara: “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.” Mas cabe ao Congresso regulamentar os mandamentos constitucionais. As próprias mudanças econômicas e sociais, no entanto, vêm provocando transformações na comunicação social no Brasil. Há cinco anos, os jornais tradicionais do eixo Rio-São Paulo estão estacionados em 900 mil exemplares, enquanto os jornais das demais capitais cresceram 41%


Navalha Conversa Afiada

Nos últimos tempos, o presidente Lula passou a usar uma linguagem mais solta, rústica, mais acessível.

Saiu do campo das metáforas de futebol para invadir outros.

Como agora, com essa do “porco”.

Ora, dirão, os colonistas (*) do PiG (**), isso é linguagem de campanha eleitoral.

É isso e muito mais.

Conversei hoje com minha ilustre irmã, Marilia, especialista em Linguística e professora da Universidade de Paris.

Marilia se diverte com esse novo Lula.

Para ela, Lula resolveu chutar o pau da barraca – Marilia, entre outros atributos, é carioca, e, portanto, chegada a uma metáfora praiana.

Chutar o pau por vários motivos.

Porque ele saiu da província e foi para a capa do Monde.

Clique aqui para ler sobre o que o Financial Times e o Monde fizeram com Lula, neste fim de ano.

O Lula é “o cara”, e ninguém mais tira dele o que é dele.

Porém, mais do que isso, observa a Marilia: Lula resolveu mostrar à elite que não leva a elite a sério.

Ele anuncia que, no dia seguinte, o PiG (**) vai escarnecer da linguagem dele.

E escarnece da elite.

Lula não bate de frente.

Ele não bateu no PiG (**).

Mas, agora, ele se considera em condições de botar o PiG (**) e a elite branca no seu devido lugar: eles são minoria com complexo de maioria…

Clique aqui para ler sobre Marcelo Neri, hoje no Valor.

Lula diria assim: olha, eu sei que vocês me acham um nordestino inferior, um metalúrgico ignorante.

Então, eu vou me comportar como se eu fosse.

Vou incorporar o estereótipo em que vocês querem me aprisionar.

E vou rir de vocês.

Lula, sábio, picaresco, incorpora personagem do “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, outro pernambucano sábio.

Mais do que isso, Lula, aos poucos, mostra ao PiG (**) que o PiG (**) é insignificante.

Um câncer em estado terminal: há cinco anos, a tiragem do Globo, da Folha (***) e do Estadão não sai dos 900 mil exemplares.

Por que Lula haveria de polir a linguagem só para agradar o PiG (**) ?

Para dar pérola aos porcos ?

Paulo Henrique Amorim

(*)Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

(***) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é ; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

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