do Vermelho
A Corte Constitucional da Colômbia rejeitou nesta sexta-feira (26), por 7 votos a 2, a lei do referendo que permitiria à população do país decidir sobre a possibilidade de o presidente Álvaro Uribe tentar se reeleger para um terceiro mandato nas eleições de 30 de maio. Ou seja, uma grande derrota para Uribe, que viu naufragar o sonho de permanecer no poder até 2014 e terá que deixar o cargo este ano.
O presidente do tribunal, Mauricio González, comunicou que foram alegadas inúmeras violações no processo. Segundo ele, durante o trâmite da lei, houve "um conjunto de irregularidades" vinculadas ao financiamento da campanha de coleta de assinaturas entre os cidadãos, além de outras anomalias que "configuram uma grave violação aos princípios de um sistema democrático".
De acordo com o tribunal, os defensores do referendo gastaram "mais de seis vezes o autorizado pelas autoridades eleitorais e receberam doações até 30 vezes a mais do que o permitido".
Logo após divulgada a decisão, Uribe disse acatar o posicionamento. "Aceito e respeito a decisão da Corte Constitucional. Espero prosseguir servindo à Colômbia em qualquer trincheira", declarou ele, que, nesta semana, defendeu que a escolha final sobre sua reeleição deveria ser tomada pelos "colombianos", não pela Justiça.
Cenário eleitoral
A decisão da corte, considerada a mais importante dos últimos anos na política colombiana, marca o início de uma difícil campanha para os adversários que buscam substituir Uribe e sua política conservadora e subserviente aos Estados Unidos. Em quase oito anos de governo, ele se converteu em um dos presidentes com maior apoio popular, graças à sua estratégia de força para combater as guerrilhas esquerdistas.
Uribe, o aliado mais importante dos EUA na América Latina, em um momento em que vários governos progressistas assumem um papel protagonista na região, chegou ao poder em 2002 com a promessa de derrotar militarmente a guerrilha. Mudando a Constituição, ele foi reeleito em 2006, sem que até o presente momento tenha conseguido selar a paz em seu país.
Agora, com Uribe e seu favoritismo fora da disputa, a Colômbia pode ter um pleito um pouco mais equilibrado. No momento, há sete nomes colocados para a disputa. Os mais bem cotados são o ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, muito próximo do presidente, e o ex-prefeito de Medellín, Sergio Fajardo, que se diz "nem uribista, nem não uribista".
Uma candidatura de Santos, contudo, disputaria a preferência de Uribe com o ex-ministro da Agriculura, Andrés Felipe Arias, que pela semelhança com o atual presidente foi batizado de "Uribito".
Na oposição, estão colocados os nomes do ex-ministro da defesa, do Partido Liberal, Rafael Porto, e o senador pelo Polo Democrático Alternativo, Gustavo Petro.
Com agências
Nenhum comentário:
Postar um comentário