domingo, 26 de setembro de 2010

Geraldo Vandré: foi tudo um engano?

Geraldo Vandré: foi tudo um engano?

Após assistir a entrevista, do tão cantado Geraldo Vandré na Globo News , (26-09-2010), desliguei a TV com algumas dúvidas e até certa decepção daquele, que nas minhas aulas de história evoco como grande ativista político durante o Regime Militar no Brasil.

Bem estranho foi saber, de início, que entrevista seria dentro do Clube da Aeronáutica, mais obscuro ainda foi perceber que Vandré usava uma camisa com o símbolo da Academia da Força Aérea. Ora, como um ativista político poderia aceitar tal coisa?

Durante a entrevista me deparei com algumas frases que me fizeram parar pra pensar. A primeira foi quando o compositor fala que “a arte é uma cultura inútil”. Como entender tal pensamento vindo de um artista que fez de sua arte, a música, um estandarte da marcha contra a opressão? Estaria ele, nos seus 75 anos, em seu juízo perfeito? Pensei.

Em outra passagem ele afirma que “protesto é coisa de quem não tem poder”. Essa outra citação também ficou obscura em meu entendimento, pois não seria o protesto uma forma de poder?

Ainda no Clube militar ele afirma nunca ter sido um militante político e que os militares nunca o perseguiram. Então por que se refugiou? Se os militares não tinham nada contra ele, não haveria necessidade de se exilar. Ora, esse foi mais um momento intrigante da entrevista.

Sobre um depoimento em 1973 que negava ser militante político ou qualquer coisa que o valha, Vandré afirma que não foi obrigado a gravá-lo, que o fez por livre e espontânea vontade. Após este depoimento é anistiado, recupera seu cargo de funcionário federal, tem bom relacionamento com brigadeiros e sargentos da Aeronáutica. Então pensei : foi tudo um engano, a letra da canção, a perseguição, o discurso contra os canhões e etc. Foi tudo um engano resolvido em 1973?

Professor Edney Silva Mesquita

Um comentário:

Maria José Speglich disse...

Eu assisti e gostei dele. Ele faz planos e est´bem, claro desiludido.