quarta-feira, 4 de maio de 2011

Hamas e Fatah oficializam acordo de reconciliação em cerimônia no Cairo

Uma cerimônia no Cairo oficializou, nesta quarta-feira 4, a reconciliação do Fatah, que governa a Cisjordânia, e do Hamas, que controla a Faixa de Gaza. O acordo prevê a formação de um governo provisório e constitui a primeira etapa para acabar com quatro anos de divisão política no território palestino.

No ato, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, afirmou que o acordo “fecha uma página negra na história do povo palestino que causou muito danos”. De acordo com a agência de notícias Associated Press, que teve acesso a um rascunho do pacto, o Hamas e o Fatah comprometeram-se a “encerrar as divisões” e a realizar eleições gerais, tanto para o Parlamento como para a presidência da ANP, no primeiro semestre de 2012.

O texto não incluía temas cruciais como o controle das forças de segurança e as relações com Israel. Ao menos outras nove facções palestinas participaram da assinatura do acordo, dentre eles os movimentos Jihad Islâmica, Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), Frente Democrática de Libertação da Palestina (FDLP) e Partido do Povo Palestino.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou o pacto. “O acordo entre o Hamas, que pede a destruição do Estado de Israel, e o Fatah só pode causar preocupação aos israelenses e a todos aqueles que, no mundo inteiro, aspiram que se chegue à paz entre nós e nossos vizinhos palestinos”, afirmou à agência AFP.

Intifada branca
De acordo com o professor Luiz Alberto Moniz Bandeira, doutor em ciência política e historiador com mais de 20 obras publicadas, o principal temor de Israel é a união do Hamas e do Fatah na luta pelo reconhecimento do Estado palestino. “Tudo indica que essa reconciliação possibilitará a realização de uma intifada branca, no dia 15 de maio, denominado Nakba, que significa desastre, tragédia, como os palestinos qualificam a data em que cerca de 725 mil palestinos árabes foram expelidos de seus lares, durante a guerra com Israel em 1948”, afirmou a CartaCapital. “Todos os anos palestinos fazem manifestações e parece que, atualmente, a idéia é de realizar um a demonstração pacifica, com a marcha de milhares, quiçá um milhão de palestinos até Jerusalém, a fim de exigir a independência do Estado palestino.”

O especialista lembra que Israel tem uma população de 7,6 milhões de habitantes, dos quais 5,7 milhões são judeus e quase 2 milhões são palestinos. Somadas, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia tem uma população superior a 3,3 milhões de palestinos. “Se os palestinos se unirem e marcharem juntos, em demonstrações pacíficas para exigir o reconhecimento do Estado palestino, o equivalente a uma intifada branca, isso deixaria o governo de Israel em uma situação muito difícil. O Estado ficaria sem condições morais e políticas de usar a força militar para reprimi-las”, completa Moniz Bandeira, cônsul honorário do Brasil em Heidelberg (Alemanha).

Para ler a entrevista completa de Moniz Bandeira, clique aqui.

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