A QUEM INTERESSAM OS CONFLITOS NA AMÉRICA DOS SUL?
Por Laerte Braga, 30.04.2012
A história real dos países
latino-americanos, especialmente os sul-americanos é contada em regime
de conta gotas, uma forma de fugir do oficialismo e do ufanismo que
historicamente as elites buscam vender desde os bancos escolares.
E há uma explicação simples para isso. As elites econômicas (cidade e
campo) da América do Sul não têm uma identidade nacional, mas
reportam-se aos modelos europeu e norte-americano, vale dizer, cingem-se
às normas do capitalismo internacional.
É comum, por exemplo, contar os feitos heróicos de brasileiros na
guerra contra o Paraguai a pintar Solano Lopez como um ditador sem
entranhas. A realidade só é encontrada em publicações independentes que
mostram que o País entrou em guerra com o Paraguai a soldo da Inglaterra
– da qual estava afastada, mas o dinheiro fala mais alto – e porque o
Paraguai de Solano Lopez afetava os negócios dos britânicos.
O governante paraguaio implementava um programa de reforma agrária,
concorria com as indústrias têxteis dos britânicos e afetava os
“negócios” do mate. Fomos apenas o instrumento do poder imperial da Grã
Bretanha. Não houve patriotismo algum no confronto.
Para registro, os Estados Unidos, à época, já buscando hegemonia
junto ao império britânico se opôs ao Brasil e a seus aliados. Os
governos e forças armadas comprados pelos ingleses.
As Ilhas Malvinas, território argentino, até hoje são mantidas sob
controle militar do falido império de sua majestade Elizabeth II e num
flagrante desrespeito às eleis internacionais, mantêm na região
submarinos com armas nucleares, aí já noutra conjuntura, a que envolve
os Estados Unidos, antiga colônia britânica e hoje proprietário do
outrora império “onde o sol não se põe”,
Quando Nixon disse que o Brasil arrastaria a América Latina para onde
se inclinasse, estava levando em conta o nível de desenvolvimento de
nosso País, seu tamanho continental e justificando o apoio de seu
governo à ditadura militar que encharcou de sangue o território nacional
e preserva até hoje intocada em boa parte a barbárie militar.
A exceção do movimento tenentista, que mesmo assim se dissolveu em
boa parte absorvido pela ditadura Vargas, nossas forças armadas são
forças auxiliares do poder maior, sem identidade e uma polícia maior e
melhor qualificada da grande potência de hoje. Estamos no Haiti sem
saber por que, em vias de irmos à Síria para fazer não sei o que e
mantendo um fragata na frota de “paz” nas proximidades do estreito de
Ormuz para garantir os interesses das companhias que transformaram os
EUA em conglomerado terrorista ao lado de Israel. Máquina de guerra.
O governo de Lula não privatizou setores essenciais, mas abriu as
portas do País ao nazi/sionismo no tal tratado bi-lateral de livre
comércio com Israel. São os donos dos setores estratégicos dos Brasil.
Governos como o do presidente Chávez, ou do presidente Evo Morales,
do presidente Rafael Corrêa, de Cristina Kirchener, de Daniel Ortega não
interessam ao grande irmão. Promovem a reforma agrária, o fim do
analfabetismo, estabelecem políticas públicas de participação popular,
constroem habitações de qualidade para as pessoas, democratizam as
relações do Estado com o cidadão, a despeito de uma ou outra limitação.
Abrem caminhos para uma revolução popular a partir da consciência
política.
Cuba desafia os EUA desde 1959 e se mantém heroicamente a despeito de
todas as tentativas golpistas e do bloqueio imposto pelos pelo
conglomerado ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
A Colômbia no entanto é o caso mais grave.
Em guerra civil há anos o país está mergulhado num regime de terror e
barbárie e é hoje o maior produtor de cocaína do mundo – o governo não
tem interesse na paz, a guerra favorece os grupos produtores da droga e o
presidente, todos são meros quadrilheiros ao lado de militares e
latifundiários, os chefes dos grandes cartéis.
No país são freqüentes os assassinatos de lideranças de oposição,
sindicalistas, camponeses, há mais de 10 mil presos políticos e milhares
de assessores militares norte-americanos, que controlam polícias,
forças armadas e governo, além dos grupos paramilitares formados por
latifundiários e pistoleiros de grandes conglomerados, os principais
controladores da produção e distribuição de droga.
O próprio jornal brasileiro (brasileiro?) O GLOBO, noticiou que o
traficante Fernandinho Beira-mar havia sido preso com as FARCs-EP , para
anos depois num canto de página admitir que Beira-mar foi entregue
pelos paramilitares numa tentativa de minimizar os conflitos com o
Brasil em torno do bandido.
A ex-senadora Ingrid Betancourt, prisioneira de guerra durante anos
das FARCs-EP, quando liberada estava em perfeita integração com a
guerrilha, tinha um filho com um líder guerrilheiro. filho que abandonou
– fato denunciado por sua secretária – e foi tentar o prêmio Nobel da
paz patrocinada por uma indústria de cosméticos para mostrar que os anos
na selva não a envelheceram.
É a história vendida pela mídia de mercado, fabricada na sociedade do
espetáculo, o objetivo de transformar o ser humano em zumbi diante de
um projeto de poder que é mundial.
Ao perceber que um controle como o que exercem na Colômbia – até
porque o tráfico de drogas paga os custos da guerra e com sobras, já que
a guerra hoje é privatizada, empresas cuidam do “negócio”, não seria
possível no Brasil, os norte-americanos criaram o chamado PLANO GRANDE
COLÔMBIA, que inclui parte do Brasil, a Amazônia, enquanto tentam,
através de um governador provincial na Argentina, a instalação de uma
base militar para controle total da América do Sul.
Na piedosa prece que Obama faz todos os dias a morte de Chávez é um pedido que a mídia dos EUA não esconde.
A Colômbia hoje é sócia do Brasil no antigo projeto SIVAM –
monitoramento aéreo da Amazônia –, ao lado dos EUA e aviões de
fabricação brasileira, mas capital e tecnologia norte-americana (ao
privatizar a EMBRAER FHC abriu mão de dispormos de tecnologia nossa no
campo). Detêm informações estratégicas sobre nosso País, inclusive e
principalmente sobre nossas reservas minerais estratégicas, caso do
nióbio.
Marchamos para deixarmos de ser uma nação e caminhamos celeremente
para o formato conglomerado da chamada nova ordem econômica, criada com o
fim da União Soviética.
Lula inventou, frase do secretario geral do PCB Ivan Pinheiro, “o
capitalismo a brasileira. Só que os donos são os norte-americanos e
grupos sionistas (controlam a indústria bélica brasileira). Como leite
em pó instantâneo estamos nos dissolvendo na obsessão da guerra cambial
que custou o poder a Kadafi.
Um estudo das Nações Unidas feito na década de 70 mostra que a
América do Sul é uma futura área de conflitos, Não são conflitos
provocados pelos povos sul americanos, mas pelos interesses de elites
políticas, econômicas do campo e da cidade que controlam o País sem que o
governo reaja, pelo contrário, se deixa levar pela crença de potência
de ilusão.
Estamos sendo engolidos, tragados nessa voracidade falida do capitalismo, mas montado em milhares de ogivas nucleares.
Um Eike Batista, um Daniel Dantas, um FHC, um Serra, um Alckimin, um
Aécio (já apareceu uma prima de Cachoeira nomeada pelo ex-governador do
bafômetro ou corruptômetro) e os políticos que controlam, parte
expressiva do Poder Judiciário, tudo isso nos transforma definitivamente
numa república de bananas, onde um Brilhante Ulstra tortura, assassina e
permanece impune e a mídia faz e fala o que bem entende.
Um banqueiro de jogo de bicho faz tremer a república. Coloca na
berlinda um governador corrupto como Sérgio Cabral e abre perspectiva
para outro criminoso Anthony Garotinho, que chega em nome do “senhor.”
Que república?
Somos uma democracia consentida. O Código Florestal nos condena a sermos um futuro deserto e a reforma agrária vai para o brejo.
Mas somos uma potência, só que de ilusão.
Não há saída dentro do processo político vigente, dentro do jogo sujo
das eleições financiadas por empresas privadas, por bancos e
latifundiários.
Ou vamos às ruas e viramos essa mesa para rearrumá-la segundo a
vontade popular, que tem que ser despertada, está anestesiada pela
mídia, ou vamos de fato virar apenas um departamento do PLANO GRANDE
COLÔMBIA.
Esse é o desafio que as forças populares enfrentam.
Os conflitos aqui interessam aos donos para que sejamos sempre o gado marcado que fala José Ramalho. Só isso, mais nada..
Fonte: http://www.fazendomedia.com/a-quem-interessam-os-conflitos-na-america-dos-sul/
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