Ana Nemi: “A polícia foi chamada porque esses alunos não respeitam a democracia, a diversidade”
publicado em 17 de junho de 2012 às 23:29
por Ana Nemi, sugerido por Maria Fernanda Lombardi Fernandes (Ciências Sociais/Unifesp) nos comentários
Gostaria de me manifestar sobre os episódios recentes no campus
Guarulhos, onde funciona a Escola de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da UNIFESP.
Ao contrário do que vem sendo veiculado, o que os alunos faziam ali
não era ato político pacífico, eles estavam cassando o direito de ir e
vir dos professores e funcionários que eles acuaram na Diretoria
Acadêmica gritando “invasão”, “invasão”.
O que a polícia fez foi retirar os alunos de lá para que os
professores e funcionários ali acuados pudessem retornar do trabalho
para suas casas. Quando a polícia chegou eles já haviam vandalizado o
prédio quebrando vidros e pichando as paredes que estavam sendo
recuperadas dos atos de vandalismos cometidos por eles durante os dias
em que ocuparam o campus na semana anterior.
Sendo assim, gostaria de afirmar que também fiz movimento estudantil,
também defendi a democracia no exato início dos anos 80 quando, em meio
ao apagar das luzes da ditadura e o retorno dos exilados, lembrávamos
que Edson Luís morreu para que pudéssemos falar e não para que
estudantes das décadas seguintes impedissem colegas, professores e
funcionários de uma instituição pública de se manifestarem e de darem
aulas.
A polícia não foi chamada para impedir movimento político pacífico,
ela foi chamada porque alguns alunos acuaram pessoas da comunidade
acadêmica e optaram por tratar questões universitárias, por mais
complexas e controversas que sejam, por meio da violência. Exatamente ao
contrário do que vem sendo divulgado. A polícia foi chamada, repito,
porque esses alunos não respeitam a democracia, a diversidade
intelectual, cultural, social e política.
E que não se afirme que o que ocorreu na EFLCH/UNIFESP é precedente
para que a polícia ocupe espaços universitários ou que estaríamos
importando tecnologia da USP, conforme poucos colegas apressados e
desinformados disseram. Estamos lidando com a exceção e, em nome dos
princípios democráticos que a exceção pretende suspender, não
permitiremos que se torne regra. Assim, não estou advogando a presença
da polícia no campus e nem considero aceitável ver alunos feridos ou
enfrentando policiais armados.
Mas é bom lembrar que foram os alunos que precisaram chamar a polícia
há algumas semanas para que um colega deles que defendia outras ideias
saísse escoltado do campus em função das agressões que sofria,
exatamente do mesmo grupo de grevistas que acuou parte da comunidade
acadêmica na quinta-feira, 14 de junho. O recurso à exceção, portanto,
tem partido dos alunos devido às atitudes autoritárias do grupo de
alunos minoritário que vem sequestrando o espaço público de debates que
vínhamos construindo na EFLCH, infelizmente…
Quero, no entanto, e para finalizar, resistir ao uso político e
partidário que vem sendo feito dos problemas decorrentes da construção
de um campus de universidade pública. Evidentemente não somos favoráveis
ao uso da força como argumento político, por isso repudiamos o grupo de
alunos que vem nos acuando violentamente e tentando sequestrar o espaço
do campus em favor das pautas eleitorais dos seus pequenos partidos,
assim como repudiamos a imprensa que os acolhe sem ouvir aos professores
que eles perseguem e caluniam.
Ana Nemi é professora de História/Unifesp. Texto feito em colaboração com:
Rita Paiva (Filosofia/UNIFESP)
Maria Fernanda Lombardi (Ciências Sociais/UNIFESP)
André Medina Carone (Filosofia/UNIFESP)
Maria Luiza Ferreira de Oliveira (História/UNIFESP)
Plínio Junqueira Smith (Filosofia/UNIFESP)
Bruno Konder Comparato (Ciências Sociais/UNIFESP)
Rafael Ruiz (História/UNIFESP)
Mirhiane Mendes de Abreu (Letras/UNIFESP)
Ligia Ferreira (Letras/UNIFESP)
Wilma Peres Costa (História/UNIFESP)
Gabriela Nunes Ferreira (Ciências Sociais)
Maria Fernanda Lombardi (Ciências Sociais/UNIFESP)
André Medina Carone (Filosofia/UNIFESP)
Maria Luiza Ferreira de Oliveira (História/UNIFESP)
Plínio Junqueira Smith (Filosofia/UNIFESP)
Bruno Konder Comparato (Ciências Sociais/UNIFESP)
Rafael Ruiz (História/UNIFESP)
Mirhiane Mendes de Abreu (Letras/UNIFESP)
Ligia Ferreira (Letras/UNIFESP)
Wilma Peres Costa (História/UNIFESP)
Gabriela Nunes Ferreira (Ciências Sociais)
Leia também:
Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/ana-nemi-a-policia-foi-chamada-porque-esses-alunos-nao-respeitam-a-democracia-a-diversidade.html
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