Haitianos qualificam de ocupação o desembarque dos fuzileiros ianques
PORTO PRÍNCIPE — Centenas de haitianos presenciaram na terça-feira, 19 de janeiro, entre a resignação e a ira, a aterrissagem de vários helicópteros das tropas estadunidenses no Palácio Presidencial haitiano, num ato considerado por muitos como uma perda da soberania, informou a AFP.
"Ainda não os vi distribuindo comida no centro da cidade, onde as pessoas precisam urgentemente de água, alimentos e medicamentos. Isto se parece mais com uma ocupação", disse Wilson Guillaume, estudante haitiano de 25 anos.
Pelos menos quatro helicópteros transportaram uma centena de soldados estadunidenses da 82ª Divisão Aerotransportada até o interior do recinto, ante o olhar atônito de centenas de haitianos, que perderam suas moradias com o terremoto e que vivem como refugiados nos jardins do Palácio.
Quando as tropas dos EUA abandonaram o Palácio para custodiar o hospital-geral do Haiti, repleto de feridos, na sua passagem, muitos gritavam: "Vão para casa" "Não ocupem o nosso país".
Uma frota de embarcações anfíbias chegou às costas do Haiti, e espera-se que dela desembarquem 800 fuzileiros nos próximos dias para se unirem aos mais de 2 mil soldados que estão no país.
Entretanto, o Conselho de Segurança da ONU aprovou unanimemente aumentar em 3.500 o número de militares e policiais das forças internacionais no Haiti, com o objetivo de reforçar a vigilância nesse país antilhano.
Entretanto, milhares de vítimas do terremoto tentam pegar os ônibus para fugir da fome e da violência na devastada capital, tendo esperança em conseguir alimentos com maior facilidade no campo, informou a AP.
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